Após dois anos, caminhoneiro preso por crime que nunca existiu é absolvido

Após dois anos, caminhoneiro é absolvido de crime que nunca existiu

O caminhoneiro e empresário Fábio Santos, 35 anos, foi preso no dia 1º de outubro de 2016, acusado de desviar carga da empresa AMBEV.

Entenda o ocorrido.

No dia em que foi preso, o motorista transportava 55 barris vazios de chope da Mooca, bairro na zona leste da cidade de São Paulo, até Guarulhos, município vizinho na Grande SP.

Por volta das 15h50, Fábio recebeu uma ligação de um dos seus funcionários, Ailton da Silva Miguel, que estava com problemas em uma peça traseira de seu caminhão.

No meio do trajeto, Fábio desviou sua rota para ir até a casa do funcionário Ailton, onde o caminhão estava com problemas.

Ao chegar no local, Fábio e o Ailton retiraram parte da carga do caminhão com defeito para poder suspender o veículo e ter acesso à peça danificada.

A denúncia:

A AMBEV suspeitava que empresas terceirizadas estavam desviando barris e começou a monitorar esses caminhões.

Um funcionário responsável pelo monitoramento percebeu a mudança da trajetória do caminhão de Fábio e começou a seguir o veículo.

Ao se aproximar do caminhão rastreado, o funcionário viu Fábio e Ailton retirando a carga do caminhão (danificado) e acionou a polícia.

“Um PM saiu da viatura ordenando que eu parasse o que estava fazendo. Já chegou me chamando de ladrão, algemando”, relembra Fábio, em entrevista ao Jornal Ponte. “Não tive chance de falar nada, ele já foi logo me tratando como um bandido”. Ele afirma que durante a abordagem, os policiais Edson Tadeu Simão e Moisés Moura Moreira não pediram nenhum documento da carga ou do caminhão, apenas o RG.

De acordo com a denúncia feita pelo fiscal da empresa, os dois tiravam os barris, avaliados em R$ 4 mil, do caminhão e colocavam em uma caminhonete modelo Saveiro de cor cinza.

Fábio foi algemado no local e conduzido à delegacia. Os policiais também ordenaram que o funcionário Ailton levasse o caminhão até o DP.

Após 4 dias presos, Fábio foi liberado para responder o processo em liberdade.

Juíza absolve os acusados e os declara inocentes:

Quase dois anos depois, 8 de outubro de 2018, a juíza Juliana Guelfi, absolveu Fábio das acusações, com base nas provas apresentadas, a magistrada entendeu que a versão apresentada pelo acusado eram legítimas e o fato não caracterizava-se crime.

Além disso, a juíza questionou o fato que se o suposto crime estava sendo cometido por ambos os acusados, por que apenas o réu Fábio saiu do local dos fatos algemado e o funcionário conduzindo o veículo.

“Ao que parece, tudo não passou de um enorme equívoco, que ganhou maior contorno diante da precipitação policial e das falhas na investigação, o que culminou, inclusive, no seu desligamento injusto, diga-se de passagem, da empresa por justa causa”, sentenciou.

Danos morais causados ao motorista

Fábio ainda relata que recebeu intimidação do policial Edson Tadeu Simão, um dos responsáveis por sua abordagem quando foi preso, dois anos e meio mais tarde. Em 11 de março de 2019, Fábio conta que foi abordado na avenida Rio das Pedras, no Aricanduva, zona leste de São Paulo, por Edson. Teria sido chamado de “mau elemento”, conforme descreveu ao delegado Fernando Moyses Elian, do 41º DP (Vila Rica).

Fonte: Yahoo Notícias