Entenda porquê as cargas de algodão e pluma pegam fogo tão facilmente

Incêndio em cargas de algodão e pluma são tão frequentes, que muitas seguradoras evitam fazer seguro desse tipo de carga.
Grande parte dos incidentes está ligado ao processo de ignição espontânea no algodão, reflexo de ação química (fermentação/oxidação bacteriana), muito comum nas fibras do produto.

Com a oxidação, há liberação de calor e quando confinada, o calor não “respira” gerando o incêndio. Com a fermentação do algodão, o fogo tem início e desenvolvimento muito lento, desencadeando-se de forma violenta quando chega a superfície do empilhamento com combustão alimentada pelo ar.
ENERGIA ESTÁTICA
Outro motivo, tão comum quanto, é por conta da energia estática acumulada na carga de algodão.
Basicamente, o algodão é um material isolante (dielétrico), ou seja, não permite a passagem de eletricidade. Desse modo, o movimento da carga dentro da carroceria do caminhão pode gerar um acumulo de energia estática no material.
Um exemplo disso, é quando em dias frios e secos, ao retirar a camisa, ouvimos pequenos estalos ou até mesmo faíscas saindo do tecido. Você pode imaginar, o que essas pequenas faíscas em uma carga de algodão podem gerar.
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“Para explicar o conceito de eletricidade estática devemos entender a estrutura da matéria. Os átomos são formados basicamente por prótons, nêutrons e elétrons.

Os elétrons possuem carga negativa, sendo balanceada pela carga positiva dos prótons presentes no núcleo dos átomos.
Em um corpo neutro, a quantidade de prótons e elétrones e a mesma. Entretanto, através de um dispêndio de energia (mecânica, química, etc) poderemos remover ou adicionar elétrons a esse corpo tornando-o carregado positivamente ou negativamente.
A distribuição eletrônica existente nos átomos dos materiais condutores permite a livre movimentação dos elétrons mais externos. Assim, qualquer campo elétrico nas proximidades desse condutor provocará um deslocamento desses elétrons por toda a extensão de sua superfície redistribuindo a carga ao longo do corpo.
Nos materiais isolantes, a distribuição e a estrutura eletrônica dos átomos inibem essa livre movimentação, o que facilita o acúmulo de cargas ou de “eletricidade estática.
RISCO DE FOGO OU EXPLOSÃO
Os efeitos resultantes do acúmulo de cargas eletrostáticas podem constituir um risco de incêndio ou explosão. Sua geração não pode ser prevenida totalmente, pois seus mecanismos são intrínsecos a uma infinidade de processos.
O acúmulo de carga elétrica não gera, por si só, um risco potencial de fogo ou explosão; deverá também ocorrer uma descarga ou uma rápida recombinação de cargas aliada a outras condições. Assim, para que a eletricidade estática torne-se uma fonte de ignição, quatro fatores devem estar presentes:
1) Deve existir um meio efetivo de geração de eletricidade estática (por qualquer mecanismo).
2) Deve existir um meio de acumulação dessa eletricidade estática com a permanência de um razoável potencial elétrico.
3) Deverá ocorrer uma descarga elétrica com uma energia adequada, e;
4) A descarga deverá ocorrer em uma mistura passível de ignição.
O acúmulo de eletricidade estática pode ser prevenido em muitas circunstâncias pelo adequado aterramento dos equipamentos, pela umidificação do ambiente ou pela ionização. As ações corretivas, relacionadas a eletricidade estática deverão ser orientadas de forma a prover dissipação das cargas antes de atingir os potenciais de ruptura, que poderiam ser danosos. Caso existam certos pontos no processo onde não se possa evitar a descarga brusca das cargas acumuladas, deve-se garantir que nenhuma mistura passível de ignição estará próxima desses pontos.
ATERRAMENTO Um material condutor pode ser aterrado por conexão direta à terra (“aterramento”) ou por ligação com outro condutor que já está conectado ao terra (“equalização”). Alguns objetos, em certas condições, podem ser considerados inerentemente aterrados devido à boa área de contato com a terra.
Dentre os exemplos estão os tubos metálicos subterrâneos (não pintados) e os grandes tanques de estocagem que são instalados diretamente em contato com o solo. Os aterramentos são realizados para minimizar as diferenças de potenciais elétricos entre os objetos e a terra. As conexões devem ser realizadas com presilhas, soldas ou grampos que permitam um efetivo aterramento entre a estrutura / equipamento e a terra.”