Governo tenta segurar preço dos combustíveis e defasagem atinge 25% – maior nível em cerca de 10 anos

Mesmo com a alta recente no preço do barril de petróleo, a Petrobras está segurando o aumento no preço dos combustíveis.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem no preço dos combustíveis ante a importação, atingiram 25% na última quarta-feira (02), nível não visto há cerca de 10 anos.
Nessa sexta-feira (04), o Petróleo Brent, principal índice utilizado pela Petrobras para reajustes no preço dos combustíveis, acumulou alta de + 6,85% e atingiu US$ 118,03.
O recente aumento no preço do barril de petróleo se deve principalmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada no último dia 24 de fevereiro de 2022.
A Rússia é um dos grandes responsáveis pelo fornecimento de petróleo para o mundo e, principalmente, para a própria Europa. O país é o segundo maior produtor junto com a Arábia Saudita (atrás somente dos Estados Unidos), ou seja, uma interrupção na oferta pode afetar de maneira significativa os preços.

Desde que a Rússia declarou guerra à Ucrânia, o Brent já acumula alta de 19,79%. Em 2022, o petróleo já subiu 51,82%.
Petrobras
Segundo a Petrobras, a desvalorização recente do dólar frente ao real tem permitido que a empresa mantenha, desde 12 de janeiro, os valores médios de gasolina e diesel inalterados em suas refinarias, apesar de um avanço das cotações do barril do petróleo no exterior.
Mesmo assim, especialistas apontam uma defasagem acima de 25% ante a paridade de importação. O chamado preço de paridade de importação (PPI) é o custo do produto importado trazido ao país.
Vale ressaltar, que a Petrobras não produz todo o combustível consumido no Brasil, sendo necessário a importação do mesmo.
Desse modo, caso a empresa não mantenha a paridade com o PPI, há riscos de desabastecimento no Brasil, já que uma política de preços distinta levaria a falência das importadoras e prejuízos para a Petrobras.
Bolsonaro
Em transmissão nessa quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro, afirmou que a Petrobras poderia diminuir seus lucros para compensar o aumento no preço do barril de petróleo.
“Num momento de crise como esse, eu acho que esse lucro aí, dependendo da decisão dos diretores, do conselho, do presidente, podendo nesse momento de crise aqui, ser rebaixado aqui um pouquinho para a gente não sofrer muito aqui. Se não vem uma inflação enorme aqui dentro”, disse o presidente.
Segundo especialistas, fica clara a interferência do Governo no preço dos combustíveis aplicado pela Petrobras.