Policiais, delegado e vereador são presos acusados de receber propinas para liberar caminhões roubados no MS

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), deflagrou na manhã desta segunda-feira (25/4) a Operação “Codicia”, com o objetivo de desbaratar um grupo criminoso voltado para a prática dos crimes de concussão, peculato, tráfico de drogas e/ou demais delitos correlatos no âmbito das Delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã/MS.

As investigações iniciaram após o roubo de uma carreta, modelo Scania, no Rio de Janeiro e apreendida na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, ainda em abril de 2021.
Segundo o proprietário da carreta, ele e a esposa, foram informados pela PRF sobre a recuperação da carreta. Os agentes orientaram o casal a ir à Ponta Porã, na delegacia de Polícia Civil.
Quando chegaram na 2ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã, no dia 8 de abril, o casal foi recepcionado por outro policial e depois, passou a ser atendido também pelo escrivão.
Durante a conversa, o escrivão disse ao proprietário que a carreta só seria liberada com um “agrado” para o delegado de polícia. O casal então informou aos policiais que tinha apenas R$ 300 disponíveis, já que teria gasto com a viagem. O escrivão teria reagido com desdém, dizendo que por esse valor, eles não levariam nem as chaves do caminhão.
Ao retornar, afirmou que a autoridade policial só liberaria o veículo mediante pagamento de R$ 20 mil. Sem saída e assustadas, as vítimas contaram que tinham naquele momento R$ 4 mil, dinheiro que seria usado para as despesas da viagem e para a aquisição de alguns itens da carreta, necessários para o deslocamento.
O escrivão achou a quantia baixa. O dono do caminhão informou que tinha mais R$ 1 mil na conta corrente. Ele foi orientado a transferir o valor por Pix para a conta do policial e deixar os R$ 4 mil em espécie em cima da mesa.
Quando receberam o caminhão, os proprietários perceberam ausência de várias peças, como pneus, catracas e outras que estavam visíveis nas fotos enviadas pela PRF logo após a apreensão.
Enquanto aguardavam o encaminhamento dos documentos necessários para a liberação da carreta, os proprietários observaram servidores conduzindo caixas de cerveja, carnes e utensílios para realização do churrasco dentro da repartição pública. No entendimento das vítimas, os policiais utilizaram parte do dinheiro para comprar os produtos usados na festa.
O Gaeco não divulgou nomes dos suspeitos, mas o Campo Grande News apurou que entre os investigados, estão o policial civil aposentado e atual vereador de Ponta Porã Marcos Bello Benites (PSDB), o delegado Patrick Linares da Costa (que chefiava a 2ª DP), Adriana Jarsen, Jonathan Pontes Gusmão, Mauro Ranzem, Márcio André Molina, Rogério Insfran (perito), Valdinei Peromalle e a escrivã aposentada identificada apenas como Doelza.



Informações: Campo Grande News